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BEIRUTE — No segundo dia e último da missão humanitária ao Líbano a pedido do presidente Jair Bolsonaro, o ex-presidente Michel Temer se encontrou com o presidente do Parlamento, Nabih Berri, e o primeiro-ministro interino, Hassan Diab, nesta sexta-feira. Temer descreveu a reunião como “útil”.
Hoje revi o presidente do Parlamento Nabih Berri […] foi uma conversa muito produtiva sobre o foco político e pessoal.
À imprensa libanesa, o ex-presidente Temer manifestou suas condolências à população pela trágica explosão da semana passada em Beirute e reforçou que a ajuda brasileira continuará.
Um diálogo muito produtivo, colocando naturalmente o Brasil à disposição para ajudar na composição, não só material, mas igualmente política do Estado libanês.
A comitiva da missão humanitária também visitou o porto de Beirute, onde a explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio no dia 4 de agosto matou mais de 170 pessoas e deixou mais de 300 mil desabrigadas.
Uma tristeza absoluta ver a destruição — comentou o ex-presidente.
Questionado sobre o estado de emergência declarado pelo Parlamento libanês, o ex-presidente apenas disse que esta é uma questão interna do Líbano e que o Brasil veio para “pregar a paz”.
Com o estado de emergência declarado, o Exército libanês assume o poder de manter a segurança das ruas e pode entrar em domicílios para efetuar buscas; impor multas e prisão domiciliar àqueles que consideram “uma ameaça”, além de controlar o toque de recolher para pedestres e carros e censurar veículos de comunicação.
De acordo com a ONG Agenda Legal, que monitora políticas públicas no Líbano e outras regiões do Oriente Médio, o estado de emergência também auxilia o Exército a processar cidadãos na corte militar por “crimes relacionados à violação da segurança”; fechar espaços para protestos e proibir encontros considerados um “risco à segurança”.
Após a explosão, a população libanesa vêm questionando quem são os responsáveis pelo tragédia e por quê nada foi feito para impedi-la. A insatisfação dos libaneses em relação à classe política cresce a cada instante – protestos na capital, Beirute, são diários e confrontos com a polícia e Exército também. Além de balas revestidas por borracha e gás lacrimogêneo disparados diretamente aos manifestantes, soldados também usam munição viva.