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Deputados estaduais acreditam que têm sido espionados por integrantes do governo Wilson Witzel. A suspeita levou o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), André Ceciliano (PT), a perguntar oficialmente ao Palácio Guanabara se o estado mantém algum departamento voltado para a produção de dossiês contra autoridades públicas.
Em um requerimento de informações publicado ontem no Diário Oficial, Ceciliano questiona se o governo tem “secretaria ou órgão” que faça uso de “escutas telefônicas, captações ambientais (gravações) e que siga autoridades públicas para captar suas imagens, encontros e afazeres”.
O presidente da Alerj também indaga Witzel sobre “a existência, manutenção e armazenamento (…) de dados cadastrais consolidados contra autoridades públicas, seus familiares e afins”, os chamados dossiês.
O pedido de informações foi feito após Ceciliano ter sido procurado, segundo o “RJ TV”, da Rede Globo, por um deputado que disse ter encontrado um grampo em seu gabinete. Um outro parlamentar afirmou ao presidente da Alerj que havia recebido a informação de que também está sendo monitorado.
Deputados ouvidos pelo GLOBO sob condição de anonimato afirmaram que o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, teria, mais de uma vez, ameaçado divulgar áudios gravados durante conversas presenciais ou telefônicas — o que teria aumentado as suspeitas de monitoramento.
O pedido de explicações sobre a suposta espionagem é visto como mais um desdobramento da briga entre o presidente da Alerj e Tristão, que foi sócio de Witzel em um escritório de advocacia no Espírito Santo e é um dos homens fortes do governo.
Na terça-feira, Bernardo Sarreta, indicado pelo secretário para integrar o conselho da agência reguladora do setor de água e esgoto, a Agenersa, foi rejeitado por unanimidade pela Comissão de Normas Internas e Proposições Externas da Alerj, aumentando a tensão entre o secretário e a Alerj.
Procurado, o Palácio Guanabara divulgou uma nota em que afirma manter “relação de alto nível com a Alerj”. Segundo o documento, “jamais o governo usaria de qualquer mecanismo irregular para acompanhar ou monitorar parlamentares”. “Isso feriria a democracia, pilar da sociedade brasileira. O diálogo é a única forma aceita nesta relação. Diálogo sempre franco, aberto e transparente”, diz um outro trecho do comunicado do Executivo.