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Depois de dez anos na fila de espera, Paraty e Ilha Grandereceberam, na manhã desta sexta-feira, o título de Patrimônio Cultural e Natural Mundial pelaUnesco . Após a recusa em 2009, o município se tornou candidato no ano passado e conquista agora o reconhecimento de primeiro sítio misto do Brasil nesta seleta lista. O dossiê apresentado na 43ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial em Baku, no Azerbaijão, foi aceito graças ao incremento de uma palavra-chave em relação à tentativa anterior: biodiversidade.
Unindo os destaques culturais e ambientais em um só planejamento, que agora promoverá um plano de integração entre os dois setores, Paraty realiza um feito inédito na América Latina. O lugar é o primeiro sítio misto da América Latina onde encontra-se uma cultura viva. Todos os demais sítios mistos do continente, como Machu Picchu, no Peru, são sítios arqueológicos em uma paisagem natural.
— Nós, orgulhosamente, voltamos para casa com esse título na bagagem. Em Paraty e Ilha Grande, uma área com diversas reservas ecológicas, vemos de maneira excepcional e única uma conjunção de beleza natural, biodiversidade ímpar, manifestações culturais um fabuloso conjunto histórico, e importantes testemunhos arqueológicos para a compreensão da evolução da humanidade no planeta Terra — comemora a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa.
Comerciantes e moradores do município veem com bons olhos o reconhecimento dado pela Unesco. A expectativa é de mais força na preservação do meio ambiente.
— Imagino que com os olhos do mundo voltados para cá, a preservação vá ganhar força. É importante que a gente consiga manter nossas preciosidades — exalta a comerciante local Mônica Woltin, de 55 anos.
Anteriormente não citadas pelo projeto, que exaltava apenas o lado histórico da pequena cidade, as áreas do Parque Nacional da Serra da Bocaina, do Parque Estadual da Ilha Grande, da Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul e da Área de Preservação Ambiental de Cairuçu tomam o protagonismo do ambicioso estudo. Juntas formam um cinturão de mata nativa de quase 150 mil hectares permeados por registros arqueológicos de diferentes idades que abraça o Centro Histórico de Paraty e o Morro da Vila Velha.
A área espalhadas por seis municípios, quatro de São Paulo, contabiliza 36 espécies vegetais raras, como a caixeta, também chamada de pau-paraíba por muitos, e de suma importância ambiental. A árvore tem uma madeira bastante maleável e é muito utilizada pelos caiçaras, povo tradicional da região, para produção de instrumentos musicais.