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Rio de Janeiro

Em delação, ex-presidente da Fetranspor relata acerto de propina com presidente da Câmara Municipal do Rio

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O ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), Lelis Teixeira, relatou, em seu acordo de delação premiada, que o presidente da Câmara de Vereadores do Rio, Jorge Felippe (MDB), fez acertos de propina com empresários do setor de transportes para garantir o controle à CPI do Ônibus. Ele apontou o então vereador e hoje secretário de Emprego da Prefeitura do Rio, Renato Moura (PDT), como um dos benefiários do dinheiro.

Instaurada na Casa em 2013, a CPI tinha o objetivo de fiscalizar o sistema de transportes na capital fluminense. Naquele ano, protestos eclodiram em todo Brasil, incialmente questionando o preço da passagem e, depois, mirando a classe política e a corrupção.
Em seu acordo, Lelis detalha uma reunião realizada em 7 de agosto daquele ano, em um hotel no centro do Rio de Janeiro, entre ele, Jorge Felippe e mais quatro vereadores, com empresários do setor de ônibus “para se ter maioria e o controle da comissão”. Segundo o delator, estavam presentes no encontro João Augusto Monteiro, ex-presidente do Conselho Superior da Rio Ônibus, Otacílio de Almeida Monteiro, ex-vice-presidente da mesma entidade, e Jabob Barata Filho, empresário do ramo conhecido como “Rei do ônibus”.
O relato diz que, na reunião, foi acertado o “pagamento de propina a alguns vereadores (Professor Uóston, Jorginho da SOS, Renato Moura), além de caixinha mensal”. Os três estavam presentes na conversa, segundo o documento. Uóston e Jorginho da SOS não estão mais na Câmara. Renato Moura está licenciado para exercer o cargo de secretário de Emprego e Inovação da prefeitura do Rio.
Lelis não cita pagamento de propina ao presidente da Câmara Municipal, mas afirma que ele intermediava repasses mensais a outros vereadores da Casa para votarem sempre de acordo com os interesse do setor.
O delator relata ainda que os empresários Jabob Barata e João Augusto Monteiro foram surpreendidos com a instauração da CPI, “uma vez que boa parte dos vereadores recebia caixinha mensal, mas alguns traíram o compromisso de votar sempre de acordo com os interesses do setor”. Por isso, ambos foram cobrar Felippe sobre o ocorrido. Como resposta, ouviram que “teriam o controle da CPI”. O vereador é presidente da Casa desde 2009 e exerce seu sexto mandato consecutivo.
Entre as provas que Lelis se compromete a apresentar estão o pagamento da reunião realizada no hotel pela empresa Rio Ônibus, o registro do hotel e sua agenda com encontros com Jacob Barata e outros citados. O acordo de Lelis foi homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em maio deste ano.
Procurados, o presidente da Câmara Municipal do Rio, Jorge Felippe, e o secretário de Emprego do Rio, Renato Moura, ainda não retornaram o contato da coluna.
A defesa de Jacob Barata Filho não quis se manifestar sobre o que chamou de “vazamentos seletivos de supostos anexos de colaboração premiada, a cujo conteúdo dos fatos alegados sequer teve acesso”. Também negou qualquer imputação dirigida ao empresário na matéria.

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