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Depois de um ano com dificuldades para formar uma base no Congresso Nacional, o governo pretende endurecer, na volta dos trabalhos do Legislativo na semana que vem, a cobrança por apoio a deputados do centrão. Próximo ao presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) disse ao GLOBO que “precisa ser cobrada a fatura” dos parlamentares que receberam cargos para apoiar as votações, mas acabaram não apoiando o governo nos momentos necessários.
Segundo ele, essa “cobrança” está sendo tocada por ele e pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, ao longo deste mês e vai se intensificar no retorno do Congresso. A ideia do governo é ter uma base mais sólida do que em 2019, que teria sido um ano, na avaliação deles, com “muitas idas e vindas”. De acordo com o deputado, diversos parlamentares que integram o chamado “centrão” conseguiram cargos para correligionários em ministérios ou na estrutura federal nos estados para apoiar o governo. No entanto, depois, nem sempre estiveram com o governo nas votações. Esses cargos foram distribuídos pelos ministros, ou seja, pelos ministérios visando contemplar alguns deputados, certo? E para alguns correligionários, para que não se pense que alguns desses cargos foram para amigos fora do parlamento — explicou Otoni, ao falar que os cargos foram direcionados a indicações de deputados. O deputado, porém, não quis dizer quais deputados serão cobrados:Muita gente ali do centrão. Pega todo o centrão.
Nos próximos dias, Otoni disse que terá uma reunião com o presidente Bolsonaro e o ministro Ramos para discutir o assunto e ainda para decidir as votações prioritárias para o início do ano. O plano (para a recomposição da base) é a gente cobrar o que foi entregue a alguns deputados e depois eles não se consideraram da base. Precisa ser cobrada a fatura. Não pode receber o bônus e não ficar com o ônus. Eu que vou auxiliar ele (ministro) a cobrar a fatura.
Eleito deputado pelo PSC, mesmo partido do governador Wilson Witzel, Otoni de Paula já anunciou que deve deixar o partido. Ele é pré-candidato a prefeito do Rio e espera ter o apoio de Bolsonaro na disputa. Otoni pretende também migrar o Aliança pelo Brasil, partido que o presidente tenta criar desde a sua saída do PSL. Na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) admitiu ao GLOBO que está conversando com Otoni e que ele tem o “perfil religioso”, além de estar se aproximando das pautas que interessam à família Bolsonaro.
Desde que o presidente e Witzel romperam, Otoni tem usado suas redes sociais com duas finalidades: criticar o governador e defender a gestão Bolsonaro. Ele recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para trocar de partido sem perder o mandato.