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Em meio à ruptura com o PSL de Jair Bolsonaro, o governador Wilson Witzel escolheu dois representantes do partido para acompanhá-lo num momento de crise de sua administração. A secretária estadual de Vitimização, Major Fabiana, e o deputado federal Felipe Francischini estavam ao lado dele na coletiva sobre a morte da menina Ágatha. Era a primeira vez que o governador falaria sobre o crime que comoveu o país. Os dois foram enfáticos ao defender a política de segurança do ex-juiz, mas isso não significa que o PSL esteja coeso.
O caso Ágatha será o primeiro desgaste que Witzel na Assembleia Legislativa após o rompimento com o partido de Bolsonaro. A bancada do PSL, a maior da Alerj com 12 deputados, está dividida. Alguns parlamentares dizem que, após a ordem do senador Flávio Bolsonaro, presidente estadual do PSL, para fazer oposição ao governo, não ficarão ao lado de Witzel. Outros argumentam que, se a política de segurança for criticada, vão sair em defesa da atual gestão.
A determinação do Flávio foi clara: fazer oposição ao Palácio Guanabara. Não tem mais como eu defender o governo. É claro que não vou usar o microfone do plenário para criticar a atuação dos policiais, mas também não vou poder defendê-los — diz um deputado do PSL, que pediu para não ser identificado e que, antes do rompimento, tinha livre acesso ao Palácio Guanabara.
Rodrigo Amorim, um dos deputados mais próximos de Witzel, afirma que não discursará em defesa do governo, mas que, se a polícia for atacada, vai reagir “em nome da instituição”:
— Não vou politizar o tema. Não vou defender o governo, mas, sim, a pauta da segurança pública. A culpa dessa catástrofe, que foi o caso Ágatha, não é dos policiais, mas dos usuários de drogas, que financiam essa guerra.
Policial civil, o deputado Márcio Gualberto (PSL) vai na mesma linha:
— Não entendo como uma defesa do governo, mas desses policiais que já estão sendo massacrados mesmo antes da conclusão do inquérito.
Já Filippe Poubel (PSL) é mais enfático na defesa da política de enfrentamento adotada por Wilson Witzel.
— Independentemente de estar no governo ou não, vou defender a corporação. Se houver um ataque por conta do que aconteceu, vou defender o governador nesse caso específico. A política de enfrentamento defendida por ele é a mesma defendida pelo meu presidente Jair Bolsonaro — disse.
Secretários continuam
Muitos políticos do PSL aguardam uma conversa com Flávio Bolsonaro para saber como deverão proceder por conta da ruptura. O senador retorna nesta terça-feira de uma viagem à China e deverá ter uma reunião com deputados federais e estaduais do partido para orientá-los sobre como será o relacionamento com o Palácio Guanabara. O partido tem dois secretários no governo estadual: além da Major Fabiana, Leonardo Rodrigues, que ocupa a pasta da Ciência e Tecnologia. Apesar do anúncio do afastamento do PSL ter sido feito há mais de uma semana, nenhum dos dois deixou os cargos.
Um aliado de Flávio Bolsonaro contou que o senador não se sente afrontado pelo fato de deputados do PSL ainda não terem abandonado de vez o governo Witzel. Segundo esse interlocutor, o filho do presidente entende que os integrantes do partido queiram conversar com ele antes do “desembarque” do governo. Com relação aos desobedientes, Flávio, que enfrenta seu primeiro teste de força na presidência estadual do PSL, pretende acionar a Justiça para cassar o mandato deles.