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Até o fechamento da reportagem, o Vasco somava 106.696 sócios-torcedores. Ao fim do Campeonato Brasileiro, dia 8, quando a promoção de 50% de desconto para novas associações, iniciada segunda-feira e prorrogada ontem, terminar, será a hora de o clube sentar e refletir: e agora, o que fazer com essa multidão?
O primeiro desafio que desponta no horizonte vascaíno é equacionar a relação discrepante entre o número de sócios-torcedores e o tamanho de São Januário. O clube ainda não tem ideia de quantos sócios com direito a benefícios na compra de ingressos entraram. Mas já parece óbvio que a capacidade atual da Colina — 23 mil torcedores — não comporta a demanda gerada por um volume de sócios-torcedores, o que pode gerar desânimo.
— Se o torcedor é sócio e tenta resgatar o benefício do ingresso e não consegue, ele deixa de pagar e procura outra forma de consumir o clube — afirmou César Grafietti, consultor de gestão e finanças no esporte.
Desde que o Maracanã passou a ser gerido por Flamengo e Fluminense que a diretoria evita mandar jogos no local, algo que pode mudar para a última rodada do Brasileiro. O clube tenta levar o jogo contra a Chapecoense para o estádio — sinal de que o crescimento do programa de sócio-torcedor pode obrigar o Vasco a rever sua postura.
— Todo plano de sócio-torcedor no Brasil está diretamente ligado à possibilidade de ir ao estádio. O Vasco tem uma história forte com o Maracanã e seria um erro estratégico se afastar dele, deixá-lo como sendo a casa do Flamengo — diz Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria.
om o movimento de associação em massa, o Vasco se tornou o quarto clube com mais sócios no Brasil, atrás apenas de Flamengo, Internacional e Atlético-MG. Até o dia 8 a posição no ranking pode ser ainda melhor. Ao assinar o novo contrato com o clube ontem, Talles Magno aproveitou para lançar um novo desafio à torcida: alcançar os 150 mil sócios, o que colocaria o clube de São Januário no mesmo patamar que o Flamengo. O garoto da base assinou contrato até dezembro de 2022, com rescisão de R$ 240 milhões.
Recompensa
O problema é que a empolgação gerada pelo desafio um hora vai acabar, assim como os 50% de desconto, válidos pelos primeiros seis meses. Será quando a diretoria precisará encontrar maneiras de manter esse torcedor em dia com as mensalidades.
Uma das estratégias mais eficazes é estabelecer uma noção de causa-efeito entre a participação da torcida no programa e os resultados em campo. Alexandre Campello já afirmou que todo o dinheiro arrecadado com os sócios será utilizado para investir no futebol.
— Isso afeta diretamente o torcedor, quando ele vê a contratação, a manutenção de algum atleta. O clube tem de pensar em ações de curto prazo — disse César.
Para Ferreira, é preciso que a diretoria dê uma resposta à altura: O torcedor precisa ver o clube reagindo na mesma proporção. O Vasco está numa fase de definição: ou resolve seus problemas políticos e de gestão, ou esquece. O Vasco está em um momento diante do seu maior rival em que ele precisa escolher: vai ser o Atlético de Madrid do Real ou o Espanyol do Barcelona?