Skip to main content
Notícias

Qual palavra define 2020? Artistas e produtores culturais elegem os verbetes que resumem o ano

Getting your Trinity Audio player ready...

Como resumir 2020 em uma palavra? Seguindo a tradição de todo fim de ano, os dicionários já começam a fazer suas escolhas. O britânico “Collins” saiu na frente e anunciou a sua na semana passada: lockdown, termo que o mundo aprendeu a usar como sinônimo de confinamento ou fechamento total. Espera-se que o “Oxford” seja o próximo. Nos dois últimos anos, o dicionário divulgou sua escolha em novembro. Por tudo o que aconteceu — e não aconteceu — em 2020, encontrar uma palavra para este ano parece ainda mais complexo do que o normal. O “Oxford”, aliás, parte de uma base de 150 milhões de palavras, e submete uma pré-lista a um júri. Vence a que eles julgam ter maior “relevância cultural”.

Entre tantas coisas que dissemos e escrevemos, que expressão você escolheria para definir 2020? O GLOBO ouviu cerca de 50 personalidades da área cultural em busca de respostas (leia todas abaixo). Houve poucas repetições — e a maioria deles fugiu de obviedades como “quarentena”, “coronavírus” ou “distanciamento social”. Ainda assim, a nuvem de palavras forma um conjunto com a cara do ano que está terminando, refletindo um tempo de dificuldades e impasses.

‘Lockdown’Medida restritiva é eleita a palavra do ano pelo dicionário Collins

O ano foi tão atípico que Luis Fernando Verissimo escolheu para defini-lo algo que quase não houve, mas pelo qual ansiamos todo o tempo. Para o escritor, “presencial” resume 2020 e pode até passar por neologismo, mesmo já estando nos dicionários.

Foi a palavra do ano não por ela mas pelo seu oposto: o que não era presencial, não estava presente. E nunca tantos não estiveram presentes onde deveriam estar, de alunos nas escolas a políticos na cadeia.

Diante de uma crise sanitária inédita e de um vírus desconhecido, cada um escolheu sua maneira de reagir. Para o jornalista e escritor Laurentino Gomes, foi um 2020 de “paciência”. Confinado na pandemia, ele aproveitou para acelerar a escrita dos dois últimos volumes de sua trilogia “Escravidão”, iniciada em 2019. O segundo já está editado e deve ser lançado ano que vem, o terceiro está saindo do forno.

Foi o ano mais diferente de nossas vidas — ele diz. — A paciência para enfrentá-lo inclui a capacidade de persistir, de esperar sem desanimar. É um exercício.

FuturoComo será o trabalho agora que nos acostumamos ao home office

Como diversas outras áreas, a cultura sofreu com a falta de aglomerações. Fechados por meses, teatros, festas, cinemas e livrarias se viram dolorosamente separados de seu público, colocando em risco a sua própria existência, a sobrevivência de seus trabalhadores e sua razão de ser.

Por isso, talvez, as únicas palavras citadas mais de uma vez tenham sido “resiliência” (pelos músicos Marcelo D2, Rodrigo Melim, MC Biana, Pedro Miranda, Zé Neto & Cristiano e pela atriz Marcella Maia) e “superação” (pelo músico Rennan da Penha). A diretora da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Yole Mendonça, encontrou uma variação: “resistência”.

Quem passou por esta pandemia e não aproveitou para aprender alguma coisa, principalmente para mudar e se moldar, e sobreviver, perdeu uma grande oportunidade — diz Marcelo D2.

Nessa mesma linha, “transformação” e “ressignificação” também foram lembradas pelos entrevistados.

Não é pouca a tentação de usar “vazio” como descrição de 2020; mas tanto as lágrimas quanto as ideias renovadoras pedem mais de nós — diz o diretor cênico André Heller-Lopes, que elegeu “reinvenção”.

PandemiaBusca por livros de psicanálise cresce, com leitores ávidos por reflexões sobre o mal-estar da civilização atual

Palavras são historicamente um lugar de disputa. E, num cenário de polarização, elas viraram campo de batalha. Por sinal, o temido “cancelamento”, citado pelo rapper Igor, não ficou de fora da lista. Outra área alvo de disputas políticas foi a “ciência”, uma das duas palavras escolhidas por Teresa Cristina. A outra é “arte”.

Ciência é o que vai curar nosso corpo desta crise, e arte é o que tem curado a nossa cabeça — diz a cantora, que desde o início da pandemia se destacou performando em lives no Instagram. — Sem os dois, não conseguiríamos passar por 2020.

“Solidariedade” também desponta, segundo a cantora Fafá de Belém e o ator Enrique Diaz.

Com a crise toda, é algo que foi despertado — lembra Diaz. —E exemplos bons são os movimentos de solidariedade da Maré e projetos como o Gabinete da Crise, do Coletivo Papo Reto, e As Mulheres em Ação, do Alemão.

De tanto destaque que adquiriram nos últimos meses, alguns termos acabaram ganhando novo significado. “Respira”, por exemplo, passou a ter uma conotação a mais após o americano negro George Floyd ter sido asfixiado até a morte por um policial branco nos EUA, tornando-se símbolo da luta contra o racismo. A palavra também está no pensamento de quem perdeu alguém para o coronavírus.

Eu escolho “respira” não só pelo ar que faltou a tanta gente e matou muitos de nós, mas também pelos que estão vivendo e precisam respirar e ter calma — diz a atriz Bruna Linzmeyer. — Tudo ficou à mostra. O ar, que parece invisível, pôde ser visto este ano.

Golpe na artePandemia deixou sem renda 30% dos músicos, diz pesquisa; 56% não receberam por lives

No fim das contas, a lista não só foge dos clichês, como em alguns casos os questiona. A historiadora Lilia Moritz Schwarcz rejeitou o gastadíssimo “novo normal”, propondo o seu oposto: “velho anormal”. Para ela, que acaba de lançar “A bailarina da morte”, sobre a gripe espanhola no Brasil, as duas epidemias escancararam os problemas de sempre.

No começo tomou força o conceito de “novo normal” por conta do sequestro que a doença fez do nosso cotidiano. Mas rapidamente ficou evidente como o coronavírus não tem nada de democrático: assola a todos, mas mata sobretudo as populações pobres e negras. O “novo” não tinha nada de “normal” e nem era novo. Era a velha desigualdade que surgia escancarada.

* Colaboraram Luccas Oliveira e Maria Fortuna

Dicionário de 2020

Abolição

Jorge Mautner (compositor): “Quando houve a abolição da escravidão, Joaquim Nabuco e André Rebouças afirmaram: é necessária a segunda abolição. Esta segunda abolição não chegou até hoje. Ela consistia na reforma agrária e na educação gratuita desde o jardim de infância até a universidade para todos os brasileiros e brasileiras. Enquanto essa segunda abolição não vier, o Brasil não sairá do terror racista”.

Amor

Kell Smith (cantora): “E tomara que soe clichê, até soar rotina. Mas, de fato, quem e o que amamos nos sustentou até aqui.  O amor é luz em meio ao caos, é esperança que sejamos melhores e paremos de esperar do tempo que ele é quem seja”.

Afrofuturo

Alê Santos: “A sociedade presenciou inúmeros movimentos e manifestações sociais que reivindicavam a inserção das pautas negras em conversas sobre tecnologia, entretenimento e economia. Eventos como a pandemia evidenciaram a fragilidade das estruturas políticas e sociais no tratamento igualitário das periferias de países distintos.  Com isso a gente passa a pensar em visões de futuro que englobem a experiência de vida negra da diáspora africana, essa é a premissa para entender o afrofuturo”.

Arte e ciência

Teresa Cristina: “Ciência é o que vai curar nosso corpo contra essa crise, e arte é o que tem curado a nossa cabeça. Sem os dois, não conseguiríamos passar por 2020”.

Bom senso

Deborah Colker: “O que é bom para mim ? O que é bom para os outros. Conviver com as diferenças. O cidadão tem que resolver o problema da cidadania. Respeitar a Natureza, ter bom senso. Como lidar com a desigualdade: bom senso. Gosto porque é uma palavra necessária nesses nossos tempos”.

Cancelamento

Igor (rapper): “Agora a internet chegou num nível que dá  direito das pessoas serem juízes da vida dos outros. Ninguém mais pode falar o que pensa, so o que a internet quer ler. Com a pandemia , mais pessoas ficaram em casa e os cancelamentos se acentuaram!”

Complexo

MC Carol (cantora): “Foi um ano complexo, complicado, estranho, difícil. Foi algo que sem precedentes e que estamos tentando aprender todo dia. Acho que exatamente por isso, foi um ano de reflexão, de repensar sobre o mal que a gente faz sobre as pessoas e as naturezas, sobre o valor que não damos à vida. Não só pela pandemia, mas com tudo que aconteceu. Espero que tenha sido um ano das pessoas pararem e olharem o mal, encararem o mal que está em cada um”

Conexão

Jana Linhares (cantora e compositora): “Não só porque esse ano passamos mais conectadas na internet, mas também porque entendemos que estamos conectadas ao coletivo. Mais do que nunca, as ações individuais tiveram impacto no coletivo e o coletivo no individual: não podemos agir pensando só em nós mesmas, temos que pensar e cuidar do todo”.

Cuidado

Christian Dunker (psicanalista): “Vidas Importam porque descobrimos neste ano o quanto estávamos insensíveis às condições de vida alheias, percebemos que as curvas de mortos como a violência agia diferencialmente sobre as vidas e percebemos os riscos da necropolítica, da invisibilidade e da política do “deixar morrer”. A expressão homenageia e universaliza o “Vidas Negras Importam” como grande evento contra-pandêmico de 2020.  A partir da Pandemia vimos como é crucial valorizar e reconhecer o valor de cada vida e de todas elas”.

 

Culposo

Eduardo Bueno (jornalista): “Em um país com tantas culpas e tão poucas responsabilidades, quem diria que a bola, ou a palavra da vez fosse ser … ‘culposo’. Estupro culposo? Incêndio culposo? Rachadinha culposa? Só falta agora o voto culposo…”

Despertamento

Késia Estácio (cantora): “Li em algum lugar, a seguinte frase: ‘Pare de querer cancelar o ano que te fez acordar’.Nesse ano louco, recheado de provações, perdi o medo de me assumir compositora e parti para a prática”.

Empatia

Fernanda Abreu (cantora): “Esse sentimento humano que estava fora de moda e que 2020 trouxe à tona. O ano ficará marcado para sempre na história da humanidade como o ano da pandemia mundial da Covid 19 e sua gigantesca crise sanitária.A ideia de futuro virou um gigante ponto de interrogação”.

Espaço

Jeferson Tenório (escritor): “Com a chegada da pandemia tivemos muitas perdas. Perdas humanas, perda do contato físico e a perda do espaço enquanto local de encontro. O isolamento nos forçou a criar estratégias de ocupação. Nossa casa tornou-se uma espécie de país. Migramos para o ambiente online. Saímos dos lugares fechados e fomos para a nuvem. A pandemia nos obrigou a exercer as metáforas do espaço. Internet tornou-se um território dos encontros. Em lives, aulas e webinários estabelecemos uma geografia afetiva mesmo diante da tela fria dos aparelhos. A volta para nos reunirmos presencialmente ainda é incerta, no entanto provamos que a relação com outro é fundamental mesmo diante de uma tela fria”.

Janela

George Moura (roteirista): “Reclusos por conta da pandemia do Coronavírus, ficamos a olhar pelas janelas reais e virtuais (computador e TV) em busca de encontros e afetos. E lembro do verso do poeta Murilo Mendes: ‘A linha do horizonte passa por teus olhos’. Que novos ventos entrem pelas janelas de 2021.”

Máscara

Moacyr Luz (compositor): “Quase todos precisam usar, mas tem gente que precisa é tirar.. Tantos beijos perdidos. Ou beijos roubados por bandidos… mascarados”.

Paciência

Laurentino Gomes (jornalista e escritor): “Foi o ano mais diferente de nossas vidas. A paciência para enfrentá-lo inclui a capacidade de persistir, de esperar sem desanimar. É um grande exercício”.

Perplexidade

Nana Pauovulih (escritora): “O ano de 2020 foi um golpe em todas as previsões, até nas mais pessimistas. De modo geral nos vimos como atores principais de um filme de terror onde ninguém conhecia ao certo o inimigo, não sabia a dimensão do ataque e nem se seria fatal para cada um. O que parecia apenas ficção ou página escrita em um livro de História sobre a Peste Negra ou a Gripe Espanhola virou realidade”.

Piorou

Tantão (músico e artista plástico): “Piorou Piorou Piorou. Vai Piorar. A qualquer hora, Piora. Piorou. Moramos na cidade sem presidente, vai piorar a qualquer hora. Escolha logo sua rota de fuga. Fuja! Tenha sua rota de fuga em suas mãos. Faça sua escolha. Fuja! Acelera Deus e Foda-se a ku klux klan!”

Presencial

Luis Fernando Verissimo (escritor): “A palavra existe, está nos dicionários, mas nunca foi tão usada, e assim passa por neologismo. ‘Presencial’ foi a palavra do ano não por ela mas pelo seu oposto. O que não era presencial, não estava presente —   e nunca tantos não estavam presentes onde deveriam estar, de alunos nas escolas a políticos na cadeia, do que neste ano”.

Reinvenção

André Heller-Lopes (diretor cênico): “Não é pouca a tentação de usar ‘vazio’ como descrição de 2020; mas tanto as lágrimas quanto as ideias renovadoras pedem mais de nós. Tivemos de reinventar e pensar fora da caixa, foi importante (re)pensar a arte dentro do contexto de um novo normal. Ficou claro que trabalhar com ‘ideias de sempre’ ou ‘confortável inatividade’ não basta”.

Tico Santa Cruz (músico):  “Num momento de crise além da resiliência é preciso definitivamente se reinventar para seguir enfrentando os novos desafios e vencendo”.

Resiliência

Pedrão (DJ): “É algo que todos buscaram este ano. A habilidade de se recuperar frente a adversidades e mudanças será essencial depois de termos nossas vidas viradas de cabeça para baixo em 2020 por conta da pandemia”.

Pedro Miranda (sambista): “Esse ano todos tivemos que nos reinventar em muitos âmbitos. Impressionante a força do ser humano”.

Marcella Maia (cantora e atriz): “Como um ato de coragem e força para combater a realidade que é estar passando por uma pandemia, algo que eu nunca imaginei passar na minha vida assim como todo mundo. E resiliência também por ser esse corpo artístico, periférico, multilateral, que está chegando e quebrando as estruturas com a música, com a minha arte”.

Marcelo D2 (músico): “Esse ano foi para aprender. Quem passou por essa pandemia e não aproveitou para aprender alguma coisa, principalmente para mudar e se moldar, e sobreviver, perdeu uma grande oportunidade”.

MC Bianca (compositora): “Como uma boa brasileira, estou acostumada a sempre ter que me readaptar e reinventar para superar e seguir em frente!”

Rodrigo Melim (músico): “É importante continuarmos motivados a seguir em frente mesmo diante de tudo que está acontecendo”.

Respira

Bruna Lienzmeyer (atriz): “Eu escolho ‘respira’ não só pelo ar que faltou a tanta gente e matou muitos de nós, mas também aos que estão vivendo e precisam respirar e ter calma.Tudo ficou muito à mostra. O ar, que parece invisível, pode ser visto este ano”.

Superação

Rennan da Penha (produtor):  “Essa palavra define meu 2020 que apesar de ter sido um ano ruim em diversos sentidos, representa um novo ciclo  na minha vida. Poder estar ao lado da minha família e fazendo o que mais amo, que é fazer música é a maior conquista que eu pude ter esse ano. 2020 nos trouxe muitas barreiras mas certamente podemos superar”.

WC no Beat (produtor): “Um ano tão difícil e delicado, onde muitas pessoas fecharam comércio, famílias deparadas por uma doença, nós da música, conseguimos ser ao menos uma semente de alegria e fuga na vida das pessoas através das lives e músicas novas. Mesmo fazendo parte do grupo que ficou sem trabalhar, tivemos que entender nosso papel e fazer dele uma coisa fundamental na sociedade”.

Resistência

Yole Mendonça (diretora da EAV Parque Lage): “Ação ou efeito de resistir, de não ceder, de não sucumbir. E é exatamente isso que os agentes da cultura vêm fazendo diariamente. Resistência como recusa de submissão à vontade, à pressão de abafar a cultura, de sufocá-la, de impedí-la de exercer seu papel transgressor, de ir além e libertar, reagindo e denunciando cada ataque às instituições culturais. Resistência para suportar as dificuldades, como a pandemia, a falta de emprego, a falta de espaço para existir, lutando por mecanismos como a Lei Aldir Blanc”.

Reclusão

Taïs Reganelli (cantora e compositora): Parece óbvio, mas a reclusão externa me levou à interna. Me concentrei em coisas que eu julgava mais importantes, consegui mais tempo com a família, pude compor, ouvir, respirar. E a reclusão foi propulsora pra novos trabalhos, fiz parcerias com músicos incríveis, peguei projetos diferentes, estudei muito e aprendi mais sobre as pessoas. Acredito que muitas destas coisas não teriam acontecido se não fosse esse ano louco. Da reclusão à paz, da paz à realização”.

Saudade

Lília Cabral (atriz): “É uma palavra tão linda, mas acho que nessa pandemia nunca usamos tanto! Que saudade do abraço, da conversa na esquina, do cafezinho inesperado, do almoço, do jantar, com família, amigos. Saudade das coisas mais simples, simplesmente”.

Gabriela (cantora do Trio Melim): “Esse ano nos ensinou mais do que nunca, a valorizar o estar perto. O olhar no olho, abraçar quem a gente ama e enxergar a vida além da tela do celular. Os shows lotados, e escutar nossas músicas nas vozes do público é o que mais emociona o artista. Espero viver isso em breve”.

Solidariedade

Enrique Diaz (ator): “Com a crise toda, é algo que foi despertado. E exemplos bons são os movimentos de solidariedade da Maré e projetos como o Gabinete da Crise, do Coletivo Papo Reto, e As Mulheres em Ação, do Alemão”.

Fafá de Belém (cantora): “Quem não aprendeu com isso, acredito que vai ter que voltar de novo para entender que, sem solidariedade, não é possível a vida”.

Transformação

Fabio Szwarcwald (diretor-executivo do MAM): “O mundo colapsou, os velhos sistemas estão falindo e a natureza nos exige transformação. É preciso focar na lógica da inclusão social e da diversidade. É na cultura que residem as saídas mais potentes de redução das desigualdades e a pandemia só reforçou o papel fundamental das manifestações artísticas, apesar do desprezo do Estado pelo setor”.

União

Bruno Martini (DJ): “Mesmo longe, tivemos e temos que seguir unidos para vencer essa batalha”.

Vacina

Adriana Calcanhotto (compositora): “Porque significa esperança e ciência”.

Velho anormal

Lilia Moritz Schwarcz (historiadora): “No começo da pandemia tomou força o conceito de ‘novo normal’ por conta do sequestro que a doença fez do nosso cotidiano. No entanto, rapidamente ficou evidente como o coronavírus não tinha nada de democrático: assolava a todos mas matava (e mata) sobretudo as populações mais pobres e negras. Ficou evidente também como o conceito só abrangia as classes médias e altas brasileiras, que tinham a possibilidade de ficar em casa, trabalhar de forma remota, contar com água potável e infra-estrutura básica. O ‘novo’ não tinha nada de ‘normal’ e nem ao menos era novo. Era a velha desigualdade que surgia escancarada”.

Vida

Antonio Carlos Seccin (escritor membro da ABL): “É a palavra mais importante do ano, e de sempre. No Google, ‘morte’ tem 250 milhões de registros, uma enormidade. Mas ‘vida’  tem mais de  2 bilhões. Viva a vida”.

Deixe um comentário