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‘Existem novas opções entre os evangélicos’, diz deputado que quer suceder Crivella

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Formado em Teologia, Otoni de Paula, de 42 anos, acabou de se eleger deputado federal com 120.498 votos. Ex-vereador, ele, porém, quer ser candidato a prefeito. É evangélico e pastor da Assembleia de Deus, no Ministério Madureira, templo famoso por receber políticos em campanha. Hoje, a congregação tem cerca de 600 mil fiéis só na capital e 1,5 milhão em todo o estado. Em entrevista à Coluna, o parlamentar fala sobre o prefeito Marcelo Crivella (PRB), o governador Wilson Witzel (PSC) e o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Explica ainda os episódios do pedido de ajuda na prefeitura para um empresário e da chamada “dancinha homofóbica” durante a votação do impeachment de Crivella.

O DIA: Por que o senhor insiste em ser candidato a prefeito do Rio?

OTONI DE PAULA: Existe um vácuo de lideranças políticas hoje no estado do Rio. O eleitorado continua insatisfeito com o que está aí e com o que representa aquela política antiga. Por isso, ponho-me como soldado da democracia. Se serei candidato ou não, decidirei lá na frente.

Quer dizer que a “política antiga” é o Crivella?

Refiro-me àqueles que estão no poder há algum tempo e que a população rejeita.

O senhor tem chance de disputar o eleitorado evangélico com o Crivella?

Quando o prefeito Crivella surgiu no cenário político, era a única opção que nós (evangélicos) tínhamos. Mesmo havendo divergências entre a comunidade evangélica e a Igreja Universal, todos abraçaram o Crivella porque, naquele momento, não havia opção. O tempo passou. Hoje, existem novas opções entre os evangélicos. É natural a postulação da minha pré-candidatura ou de qualquer outra.

Se arrepende de ter sido aliado do prefeito na Câmara de Vereadores?

Não. O meu apoio nunca foi político no que tange a troca de cargos ou de interesses. O meu apoio ao prefeito Marcelo Crivella sempre foi ideológico. Eram defesas que eu precisava fazer.

Mas, no plenário, o vereador Paulo Messina (PRTB) divulgou um áudio em que o senhor pede, quando ele era chefe da Casa Civil, para receber um empresario.

Na verdade, não é um político pedindo favores. Mas um político preocupado com o desemprego no Rio de Janeiro. Havia uma empresa que prestou serviço à prefeitura. E a prefeitura não honrou com essa empresa. O empresário veio até mim preocupado porque já ia demitir pessoas e fechar a empresa. Não vi nada demais para que eu intercedesse pelo empresário. Se alguém me viu em um comportamento antirrepublicano, que mostre. Ele prestou um serviço à prefeitura e não foi pago.

O senhor faria novamente a dancinha?

O episódio que denominaram “dancinha homofóbica” foi invenção da mídia. Eu tinha acabado de fazer o meu pronunciamento. Nas galerias, pessoas da esquerda não deixavam eu falar. Por isso, fiz o gesto. Tremi o meu corpo para dizer que eu não tinha medo deles. O então vereador David Miranda (PSOL) me enquadrou ao microfone. Virei o meu corpo e tremi também. Como quem diz: não tenho medo de você. A imprensa disse que fiz a dancinha homofóbica. Na verdade, nunca foi. Sempre respeitei o cidadão homossexual. Expressei foi a revolta. Faria qualquer gesto que pudesse representar a revolta.

O PSC não dará legenda para o senhor concorrer. Irá para qual partido?

Pus o meu nome à disposição (para disputar) como qualquer outro político. Se eu for candidato, não terei espaço porque o meu partido tem outros interesses políticos. Se eu for candidato, claro, procurarei outro. Existem conversas com legendas. No tempo certo, direi.

O senhor já articula para ter o apoio da família Bolsonaro?

O presidente Bolsonaro ainda não tem candidato a prefeito no Rio. Quem se apresentar hoje como candidato dele, estará mentindo. Em uma conversa que nós tivemos, (ele disse que) a candidatura deverá estar alinhada a ele. Muito mais a ele do que ao próprio partido (PSL). Estou próximo ideologicamente ao presidente. Mas quem vai decidir é ele.

Se sente traído pelo governador Wilson Witzel, que é do seu partido, o PSC, em não apoiá-lo?

O fato de ter sido o único deputado federal do PSC e político com mandato a subir numa tribuna para declarar apoio ao Witzel gerou em mim a certeza de que governaríamos juntos. Só que o PSC entendeu que eu não deveria ter espaço no governo. Cabe a mim respeitar.

Está magoado?

Estou numa idade em que não permite mais certos sentimentos.

O Crivella tentou recolher os gibis com beijo gay na Bienal do Livro. O senhor o apoia?

Não era competência da prefeitura tal ação. A prefeitura deveria acionar a Vara da Infância e da Juventude. Contudo, é melhor errar por excesso que por negligência.

O apoia?

Apoio. Mas o caminho era acionar a Vara da Infância.

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