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Em feito inédito, jornalista com deficiência física escala o Pão de Açúcar

Aos 6 anos, a jornalista e influencer Jéssica Paula não conseguiu mais andar. Tudo começou com uma infecção de garganta que complicou e afetou a medula, causando uma mielite transversa. O que poderia vir a se tornar um impeditivo para que realizasse o sonho de se aventurar pelo mundo se transformou em determinação para superar seus limites. Aos 31 anos, Jéssica se torna a primeira mulher paraplégica a escalar um dos cartões-postais mais famosos do mundo: o Pão de Açúcar.

A minha luta é justamente pelo direito de tentar. No caso da deficiência, encontro muitas pessoas que, só de me olharem, já dizem que não tem como eu conseguir. Porém, eu quero tentar, porque eu tenho esse direito, mesmo que tentem me dizer que não. Não é sobre só chegar ao topo, mas sobre escolher as aventuras que vou viver e que qualquer um está sujeito a não conseguir, independentemente de ter uma deficiência ou não — diz Jéssica Paula.

Eu precisei encontrar alguns parceiros, um guia que acreditasse em mim e falasse: “realmente você consegue”. Também contei com um personal para me fortalecer, principalmente os ombros e os braços, porque vou subir boa parte do trecho só com a força desses membros. Apesar de ter apoio na perna, eu não tenho impulso suficiente. Fiz fisioterapia para ajudar a coluna — explica Jéssica Paula.

Três guias ajudam na escalada

Além da preparação física, a jornalista contou com uma equipe de três guias para acompanhá-la na escalada. De acordo com Luiz Donza, de 43 anos, o grupo realizou um treino específico, abordando manobras com as cordas e a utilização de todo equipamento de segurança necessário. Para o guia, a dedicação de Jéssica foi essencial para o trajeto de seis horas.

  Jéssica se mostrou preparada, e a nós concordamos em trazê-la com todos os equipamentos de segurança. Ela tem um condicionamento muito bom e fez um treinamento específico, sentindo-se confiante nessa escalada. Topamos dar a estrutura necessária para ela realizar o sonho — destaca Luiz Donza.

Reaprender a sentar e andar

Na infância, a influencer conta que passou por momentos de solidão e situações de bullying. Ela lembra que precisou reaprender a sentar e depois engatinhar. Em seguida, passou pela cadeira de rodas, andador, muleta axilar, até chegar ao modelo canadense, usado atualmente.

Viagens para 34 países

Nascida no interior de Goiás, Jéssica encontrou nos estudos um refúgio e decidiu, ao fim do ensino médio, mudar de estado. Foi cursar jornalismo na Universidade de Brasília e começou a explorar o mundo. Conseguiu uma viagem para Buenos Aires, depois um mochilão pela América Latina e então um intercâmbio na Espanha. Foram 34 países.

— Sempre valorizei minha liberdade. Quando me dizem que não posso fazer algo, mostro que posso sim. Sou livre para decidir. Sempre tive gosto por desafios e ao longo da vida, principalmente como jornalista, também vivi alguns desafios, já fui até para zona de conflito na África. Em termos de desafio da natureza, eu tenho muita vontade de saber o que tem do outro lado, descobrir os lugares tecnicamente inacessíveis. Essa é a minha curiosidade, quero me sentir viva — ressalta Jéssica de Paula.

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