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Rio de Janeiro

Crivella e Paes são alvos de adversários no primeiro debate de candidatos à prefeitura do Rio

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O atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), e seu antecessor no cargo, Eduardo Paes (DEM), foram os principais alvos dos outros nove candidatos à prefeitura no primeiro debate da disputa, realizado na noite desta quinta-feira pela Band.

Criticado pelos outros postulantes, Crivella recorreu à estratégia de associação ao presidente Jair Bolsonaro e atacou pautas como “ideologia de gênero”, legalização das drogas e a atuação de partidos de esquerda.

Embora tenha evitado o confronto direto, Crivella também trocou farpas com Paes, que optou por fazer dobradinhas com candidatos de oposição à atual gestão. Em meio à pandemia da Covid-19, a saúde foi um dos temas mais explorados em perguntas: enquanto Crivella procurou apresentar números de aquisições de equipamentos hospitalares, como respiradores e tomógrafos, seus adversários criticaram o número de mortos por coronavírus e os relatos de falta de médicos e insumos durante a atual gestão.

No primeiro bloco de perguntas entre os candidatos, Crivella se dirigiu a Renata Souza (PSOL) e afirmou que, se a adversária vencesse a eleição, haveria “kit gay nas escolas”, repetindo uma informação falsa levantada por Bolsonaro na campanha presidencial em 2018. Crivella também defendeu a gestão municipal no combate à pandemia.

— Nós compramos, ano passado, 800 respiradores. Tenho tomógrafo na Cidade de Deus, na Maré. Perdemos 8 mil pessoas (foram 11 mil mortes na cidade), mas nenhuma delas por falta de equipamentos, médicos ou remédios. O que é importante dizer é que, se o PSOL ganhar a eleição, nossas crianças vão ter (nas escolas) uma coisa que deveriam ter em casa, que é orientação sexual — disse Crivella.

Na resposta, Renata atacou a gestão do atual prefeito nas áreas da saúde e da educação:

— Estou falando de pessoas que morreram, e você está falando do que o professor vai ensinar na escola. Professor tem que ter debate pedagógico, e com autonomia. Em vez de falar de ideologia de gênero, cadê a merenda das crianças?

No segundo bloco de perguntas, Luiz Lima (PSL) se dirigiu ao prefeito citando a investigação sobre os “Guardiões do Crivella”, grupo de funcionários da prefeitura orientados a constranger jornalistas e pacientes na porta de hospitais públicos.

— Você tem guardiões ganhando R$ 4 mil para intimidar as pessoas. São esses pequenos exemplos que nos fazem economizar os recursos. Não podemos gastar mais do que arrecadamos. Se você faz política partidária dentro do governo, não dá certo — disse o candidato do PSL.

Lima, que vem disputando o eleitorado bolsonarista com Crivella, procurou construir um discurso de austeridade nos gastos e de nomeação de quadros técnicos em secretarias, semelhante ao usado pelo próprio Bolsonaro na sua campanha. Crivella, por sua vez, questionou mais de uma vez a fidelidade de Lima, deputado federal que permaneceu no PSL, a Bolsonaro, que deixou o partido no fim de 2019.

Em sua primeira participação no debate, Eduardo Paes (DEM) fez dobradinha com Benedita da Silva (PT) para criticar a gestão de Crivella na saúde. O ex-prefeito procurou enaltecer sua própria administração, sempre fazendo a ressalva de que “não era perfeito, mas era melhor do que agora”. Em outro momento, respondendo a uma pergunta da candidata do PSOL, Paes também criticou a gestão no transporte municipal.

— Crivella é um péssimo gestor. O que acontece hoje no transporte é abandono completo, falta de fiscalização. Vamos fazer o BRT voltar a funcionar — afirmou.

Embora tenha procurado jogar o foco no atual prefeito, Paes também foi alvo de ataques de Renata Souza e de Martha Rocha (PDT). Renata citou a delação do ex-presidente da Fetranspor Lélis Teixeira, que citou doações via caixa dois para campanhas eleitorais de Paes, o que ele nega. A candidata do PSOL também lembrou a remoção de famílias da Vila Autódromo para a construção do Parque Olímpico.

Em dois embates mais duros entre Paes e Martha, que chegaram a ter sondagens para formar uma chapa antes da eleição, a candidata do PDT lembrou um episódio em que o ex-prefeito se referiu com palavras de cunho sexual a uma moradora de habitação popular.

— Esse jeito debochado e desrespeitoso de ser, o carioca não aguenta mais. Quero dizer que seu filme não vale a pena ser de novo. Você deixou essa cidade, com todo investimento, sem ser referência na saúde e na educação — criticou Martha.

Paes procurou colar a adversária no governo Sérgio Cabral, lembrando seu período como chefe da Polícia Civil, e afirmou que ela “não estudou e não entendeu” os números da prefeitura.

Clarissa rebate crítica

Eduardo Bandeira de Mello (Rede), Fred Luz (Novo), Glória Heloíza (PSC) e Paulo Messina (MDB) evitaram participar de embates e procuraram trocar perguntas entre si sobre temas como sustentabilidade, educação e finanças do município. No fim do segundo bloco de perguntas, Luz foi duramente criticado por Clarissa Garotinho (PROS) depois de associá-la ao pai, o ex-governador Anthony Garotinho. Assim como Benedita, Martha e Glória Heloíza, que fizeram repetidas falas direcionadas ao eleitorado feminino, Clarissa afirmou que o adversário mostrou “desprezar a história das mulheres”.

— Você vem com essa casca de partido Novo, mas, na verdade, você é um machista que gosta de desprezar a história das mulheres. Só porque eu sou jovem e mulher você acha que eu não tenho direito de construir minha própria história? — questionou.

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