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Mesmo com um novo avanço do coronavírus, o prefeito eleito, Eduardo Paes, e o governador em exercício, Cláudio Castro, rejeitaram a possibilidade de tomarem medidas mais restritivas de isolamento da população neste momento, como um lockdown, ao contrário do que foi decidido, por exemplo, pelo governador João Dória, em São Paulo. Para Paes, é preciso primeiro fazer valer à risca os decretos em vigor. Já Castro, disse que a solução atual está sendo feita através da abertura de mais leitos e citou a inauguração em breve do hospital modular de Nova Iguaçu. Ele também afirmou que uma campanha publicitária do governo nas TVs e pelo rádio vai ajudar na conscientização da população, acrescentando que um “natal positivo” passa pela população empregada e economia ativa. Nesta terça, os dois deram entrevista juntos pela primeira vez desde a eleição.
Questionado como o governo reagiria ao aumento do Covid em dezembro, mês de calor e festas de final de ano, Claudio Castro explicou que são três diretrizes: abertura de leitos, fiscalização e testagem em massa, que começará nesta quinta, na capital, Baixada e São Gonçalo. O governo anunciara semana passada que vai abrir 214 leitos, e o governador respondeu que 114 já foram abertos. Há possibilidade dessa quantidade chegar a 400, somando com aberturas no hospital de campanha do Riocentro, número que seria suficiente, disse.
Todos os dias estamos abrindo leitos. Equipe passou fim de semana visitando hospitais do estado, para ver “leitos escondidos”, que estão fora da regulação. A oferta de leitos hoje é muito menor que no auge da crise, e isso faz com que o número grite. Na quinta também iniciaremos a testagem em massa, com PCR, e estamos aumentando a fiscalização de eventos. Nesse final de semana, 40 foram fechados pelos bombeiros — explicou Castro, que acredita que essas medidas serão suficientes para um natal positivo. — Um bom natal também é feito de pessoas empregadas e economia funcionando.
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O prefeito eleito Eduardo Paes, que só poderá tomar medidas a partir de janeiro, também descartou lockdown, pois “primeiro é primeiro fazer valer os decretos em vigor”. Ambos destacaram a união com o governo federal, que é contra a estratégia de isolamento, para enfrentamento da pandemia.
‘Era mais barato fazer convênio com o Copastar’
Último hospital de campanha ainda funcionando no Rio, e que vem sofrendo com a pressão causada pelo aumento na demanda de pacientes com Covid-19 por leitos, a unidade do Riocentro voltou a ser criticada por Paes. Segundo ele, que disse ser a favor da reabertura de vagas impedidas da rede municipal, seria mais barato fazer um convênio com o Copastar — hospital mais caro do Rio — do que construir um hospital de campanha. Há discussões ainda sobre uma possível troca na administração do equipamento, que iria da prefeitura para o estado, o que não foi negado, nem confirmado, pelo prefeito ou pelo governador em exercício.
— Sempre achei hospital de campanha desnecessário, porque temos muitos leitos impedidos na rede. Eu sou defensor da reabertura desses leitos. Para abrir aquilo (Hospital de campanha do Riocentro) era mais barato fazer convênio com o Copastar. Não é possível ficar gastando R$1 milhão por dia num hospital de campanha quando você tem 100 leitos já prontos no Acari — afirmou Paes, que acrescentou que seu secretário de Saúde escolhido, Daniel Soranz, já se encontrou com o secretário de Saúde estadual, Carlos Alberto Chaves, e até com o próprio governador. Estamos buscando o alinhamento. No momento atual, o lockdown não me parece ser a medida mais adequada.
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Em relação ao planejamento de vacinação, Cláudio Castro negou a possibilidade de um acordo autônomo por parte do estado, como fizeram Bahia e Paraná, por exemplo, para compras de vacinas.
A conversa é com o Ministério da Saúde, que está fazendo o plano nacional de imunização. A compra sairá pelo Ministério, e estados e municípios farão a estratégia de logística. Eu duvido muito que estados consigam comprar vacinas por conta própria — explicou o governador em exercício, que acrescentou que governadores estão fazendo pedidos ao Ministério, já que a quantidade inicial de vacinas não deve ser suficiente para todo país. — Vai prevalecer questão de justiça, sem prioridade. Mas devemos lembrar sempre que Rio e São Paulo são principais portas de entrada do país, então é um fator que conta.
Hospital modular em Nova Iguaçu
Planejado para ser um dos hospitais de campanha do estado, no início da pandemia, o hospital modular de Nova Iguaçu deverá ficar pronto em 15 dias, segundo o governador. A obra, que havia sido suspensa em meio às investigações de desvios de verba e superfaturamento no contrato de hospitais de campanha, foi retomada. Castro, porém, afirmou que ela não será provisória, e ficará de legado para a população.
Já temos os equipamentos, só falta finalizar parte do isolamento. Vamos abrir sim, ontem ficou decidido com o MPRJ (que tem inquérito sobre a construção da unidade). Assim vai dar alívio para a Baixada, que já tem muitos leitos ocupados,e quase no limite da ampliação.
Sobre o problema de falta de água na Região Metropolitana, Castro disse que deve ser resolvido entre os dias 15 e 20 de dezembro. Outra questão envolvendo a Cedae que o governador também comentou foi sobre o prazo de concessão, cujo edital deve ser publicado até o dia 17 de dezembro. Ele disse que estão sendo resolvidas divergências tarifárias, mas que haverá tempo hábil para solução.
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Outros prontos que o prefeito e o governador discutiram no encontro foram: aproximação entre Guarda Municipal e Polícia Militar; saneamento e abastecimento de água; integração na retomada de aulas, assim que houver um secretário, ou uma secretária, conforme destacou o prefeito, de educação.
“Sei nem brigar”
Em entrevista publicada pela Folha de São Paulo nesta terça, o prefeito eleito Eduardo Paes disse que daria um “murro na cara” do prefeito Marcelo Crivella, caso ele repetisse, na rua, a acusação feita em debate de que o prefeito eleito seria preso por corrupção. Questionado na coletiva, Paes botou panos quentes e disse que “nem sabe brigar”.
O que quis dizer é que o Crivella parecia alguém numa briga de rua. Se ele estivesse numa briga de rua, a reação do adversário seria essa (murro na cara). Mas era um debate, por isso citei a deselegância dele. Eu não sei nem brigar, não dou murro em ninguém. Meu debate é na política.