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Rio de Janeiro

A três meses da eleição, pré-candidatos a prefeito do Rio já se atacam nas redes sociais

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A três meses das eleições municipais, pré-candidatos à Prefeitura do Rio já se atacam nas redes sociais e indicam que, assim como na corrida ao governo estadual em 2018, mais uma vez o tom das campanhas será pautado na desconstrução da imagem de adversários. O tom crítico já tem sido adotado por ao menos cinco nomes que se apresentaram para disputar o pleito: prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), o vereador Paulo Messina (MDB), os deputados federais Otoni de Paula (PSC) e Clarissa Garotinho (PROS), e a ex-deputada Cristiane Brasil (PTB).

Para o sociólogo e cientista político Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio (UFRJ), o uso das redes sociais, nas quais conteúdos polêmicos ganham destaque, favorece o comportamento bélico e reduz as chances de um debate propositivo que busque soluções para a cidade.

– A eleição deste ano está sob o signo da eleição de 2018, que, seja para o Palácio Guanabara ou para a Presidência, estabeleceu um padrão de comportamento bem violento. A cartilha que os publicitários estão trabalhando para as eleições deste ano também explora muito essa vertente. Não há apresentação de propostas para a cidade do Rio. Todos falam em “recuperar” o Rio, mas pouco se aprofunda sobre isso. Todos falam da má gestão do Rio, até mesmo o prefeito Crivella, que culpa o antecessor Paes – avalia Baía.

Crivella e Paes têm voltado suas artilharias um para o outro, uma vez que ambos se veem como principais adversários na eleição deste ano. O prefeito tem investido em compartilhar na internet conteúdos que apontam ligação de Paes com o ex-governador Sérgio Cabral, além de dar ênfase a supostas irregularidades que teriam sido cometidas na gestão do ex-prefeito. Paes, por sua vez, tem usado o Twitter para chamar Crivella de “incompetente” e afirmar que ele representa um “atraso” para a cidade, por uma suposta incapacidade de gestão. E critica a administração Crivella, principalmente nas áreas da Saúde, da conservação e da mobilidade urbana.

Como estratégia eleitoral, Paes também tem atacado um político que não disputará o pleito em novembro: o governador Wilson Witzel (PSC), com quem disputou o segundo turno na eleição ao Palácio Guanabara em 2018. “É nisso que dá improvisar”, postou o ex-prefeito no Twitter, nesta sexta, ao compartilhar reportagem que mostrou que o estado deve deixar de cumprir R$ 9,3 bilhões de metas impostas pelo Regime de Recuperação Fiscal. Na eleição passada, Paes foi duramente criticado por Witzel, que hoje responde a um processo de impeachment, por ter pertencido ao grupo político de Cabral.

Clarissa Garotinho, Cristiane Brasil e Paulo Messina têm voltado suas artilharias tanto para Paes quanto para Crivella, que segundo a última pesquisa Datafolha, de novembro do ano passado, aparecem à frente na intenção de voto. Em uma live na semana passada, Clarissa afirmou que Paes “fez obras a crediário que deixaram a cidade endividada e sem capacidade de investimento”, ao passo que Crivella “demorou a renegociar a dívida e, com isso, não conseguiu taxas menores”.

A pré-candidata também afirmou que o prefeito “não tem sequer conseguido fazer o papel de síndico da cidade”. Cristiane adota discurso semelhante, afirmando que “Paes deixou dívidas que vão se revelar por anos” e que Crivella “não só aumentou a dívida como não concluiu obras importantes como a Transbrasil”. Messina, por sua vez, tem afirmado em entrevistas que sempre fez oposição e que rompeu com Crivella, de quem foi secretário, após o prefeito aumentar despesas em meio à crise financeira.

Já Otoni de Paula tem mirado sua metralhadora virtual em Crivella. O deputado, que apresentou ao Ministério Público Federal a denúncia que hoje embasa a investigação sobre desvios na Saúde envolvendo Wilson Witzel, entrará, nesta semana, com uma ação semelhante na Procuradoria Geral da República contra Crivella, pedindo apuração sobre uma suposta irregularidade na compra de respiradores pelo município.

Disputa na urna e no púlpito

A eleição municipal de novembro não interessa apenas a políticos. Duas das igrejas evangélicas mais influentes do país também disputam espaço, poder e a preferência do eleitorado carioca. A Igreja Universal do Reino de Deus apoiará o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), sobrinho de seu fundador, o bispo Edir Macedo. Já a Assembleia de Deus apoiará a ex-juíza Gloria Heloíza ou deputado federal Otoni de Paula, que disputam a preferência do PSC, partido comandado por Pastor Everado.

Ambas as igrejas ensaiaram uma aproximação eleitoral, que não foi consolidada. Otoni admite que chegou a discutir espaço no governo Crivella, com indicações para órgãos do município, mas afirma que o acordo não foi adiante. Ele rebate a versão de aliados do prefeito que afirmam ter sido Otoni quem buscou a aproximação.

– Por que eu iria procurar a cúpula do Crivella se o próprio presidente Jair Bolsonaro me liberou para eu apoiar quem eu quiser? E se eu já tinha dito publicamente que apoio qualquer um, menos Crivella? Para que vou querer espaço no governo Crivella se ele não vai se reeleger? – disse.

Estrategista do prefeito, Rodrigo Bethlem contra-atacou:

– O deputado Otoni, que admiro e respeito, parece estar com problema de amnésia. Ele veio ao meu escritório acompanhado do vereador Felipe Michel para dizer que estava liberado pelo presidente Bolsonaro para se licenciar da vice-liderança do governo e do mandato para poder se engajar na campanha de reeleição do Crivella. Depois, não sei porque a conversa entre os dois acabou não ocorrendo – disse.

A despeito de o PSC de Pastor Everaldo lançar candidato, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) corre por fora para ter o apoio de parte do eleitorado da Assembleia de Deus. Ele aposta na boa relação com o bispo Abner Ferreira, que chegou a promover uma reunião de apoio à candidatura de Paes em 2018, mesmo que, na época, Pastor Everaldo apoiasse o adversário Wilson Witzel.

Historicamente, o voto dos fiéis da Igreja Universal, que tem Edir Macedo como líder inconteste, é mais controlado do que os dos frequentadores da Assembleia de Deus, que se pulverizam entre mais candidatos.

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