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Escola Municipal Luiz Carlos Prestes, na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio. O show, intitulado “Suave”, trazia uma dançarina da companhia de dança vestindo uma máscara de cavalo, enquanto montava na cabeça de um outro membro, sem camisa, e se esfregava em sua nuca, como que quicando, para depois correr saltitando pelo pátio da escola, enquanto parte das crianças riam e outras aparentavam assustar-se com a movimentação. Tudo isso ocorria ao som de um funk proibidão, com letra em sofrível português, que narrava a história de um “cavalinho no cio” (sic) que “senta e rebola”. Ao mesmo tempo, homens vestidos de mulheres dançavam enquanto a mesma dançarina fazia o que se acredita serem “passinhos de funk“.
A letra diz: “Vem, mulher, vem galopando, que o cavalo tá chamando” / “Cavalo ficou danado, galopa de frente, galopa de lado” / “Depois senta e rebola” / “Cavalo taradão” / “Cavalo ficou tarado, tá de frente, tá de lado”. Depois de mais umas estrofes em que ignora a existência do plural, a ‘música’ conclui, sem muita poesia: “Ela vai pra frente, ela toma, ela toma” / “Galopa, galopa, olha os (sic) cavalo no cio”.
A apresentação, feita diante de crianças que aparentavam ter de 6 a 12 anos, não ocorreu só na escola da Cidade de Deus. O deputado Otoni de Paula Jr teve acesso ao site da produtora Alice Ripoll, responsável pelo ‘show’, onde observa-se que o evento apresentado na escola da Zona Oeste no dia 22 de agosto, ocorreu em outras quatro escolas. No dia 16 de agosto, os alunos do CIEP Ministro Capanema, na Maré, assistiram ao ‘edificante’ Cavalo Taradão, enquanto no dia 17 a apresentação para os miúdos ocorreu no Museu da Maré (CEASM). No dia seguinte à apresentação que viralizou na escola Luiz Carlos Prestes, a mulher com cabeça de cavalo saltitou perante os alunos da Escola Municipal Marechal Estevão Leite de Carvalho, no bairro Engenho da Rainha, e, por fim, o homem negro, sem camisa, foi ‘montado’ ao som de porno-funk no dia 24 de agosto, na Escola Rivadavia Corrêa, no Centro do Rio.
Segundo o site de Ripoll, na seção dedicada à apresentação, “tudo é uma questão de flow, de manha” e “o que importa é o jeito como você pulsa, como você move”. A homepage explica que “a dança do passinho é engraçada, parece um bezerro que acabou de nascer e está lutando pela vida e ao mesmo tempo comemorando e brincando“, sem explicar como é que o bezerro que acaba de nascer monta no pescoço de um homem. E termina com um brado que soa atual: “viva a vanguarda das comunidades do Brasil!“.
As apresentações do “Suave”, que viralizaram em todo o país, não parecem ter sido gratuitas. Segundo o Diário Oficial do Município do dia 19 de dezembro do ano passado, muito pelo contrário. Ao custo de 50 mil reais, a Secretaria Municipal de Cultura selecionou por concurso a Alice Ripoll Elzirik Produções, premiando-a num edital de Fomento à Cultura Carioca, no processo 12/000.777/2022, com número NAD 1593/2022., com autorização assinada pelo Secretário de Cultura Marcus Faustini (abaixo). A empresa é a responsável pela Cia. Suave, que recentemente excluiu seus perfis de redes sociais, e bloqueou o acesso ao vídeo no Youtube sobre a apresentação que também se chama Suave. A dançarina Thamires Candida, citada pelo jornalista Quintino Gomes em seu artigo sobre o ocorrido foi ela que publicou originalmente o vídeo que vem sendo rechaçado pelo país inteiro de forma viral – fechou seu Tiktok. Mas a oposição ao prefeito representada pelo vereador Rogério Amorim cuidou de espalhar o vídeo pouco antes.



