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A Polícia Civil investiga a participação de uma associação de moradores na negociação de apartamentos invadidos pela milícia em um condomínio da Praça Seca, Zona Oeste do Rio. Policiais da 28ª DP estiveram na tarde de hoje no local, após matéria do EXTRA mostrar que milicianos estariam extorquindo e expulsando moradores do local, e encontraram documentos de compra e venda de três apartamentos invadidos com a identificação da associação de moradores da comunidade Nova Barão.
Segundo o delegado titular da 28ª DP, Antonio Ricardo, os três moradores prestaram esclarecimentos na condição de testemunhas. Os documentos mostram que os apartamentos que teriam sido invadidos e negociados pela milícia foram comprados por valores que iam de R$ 18 mil a R$ 40 mil.
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— Cada um possuía documentos relativos à sua unidade. O que havia em comum era a intermediação da associação de moradores — relatou — A principio tratamos eles como compradores de boa fé. Se no decorrer da investigação ficar comprovado que eles sabiam da ilicitude, os moradores poderão ser indiciados — completou.
O presidente da associação de moradores, Wallace Paz, também prestou depoimento, e teria negado envolvimento com o caso, afirmando que não reconhece a assinatura nos documentos nem o CNPJ da associação, que, segundo ele, teriam sido forjados. Segundo fontes ligadas à investigação, no entanto, teriam sido encontrados documentos na sede da associação relacionados às operações, que tinham o objetivo de dar aparência de legalidade à venda dos apartamentos invadidos. Procurado, Wallace não respondeu à reportagem.
Outra frente de investigação vai buscar junto ao cartório que registrou os documentos mais informações sobre os imóveis e as negociações. A polícia também pretende ouvir os proprietários que foram expulsos pela milícia.
O delegado Antonio Ricardo pediu que a população envie denúncias para a delegacia sobre a atuação do grupo criminoso que atua na região. A 28ª DP criou um número para receber denúncias pelo Whatsapp. O telefone é o (21) 98596-7427.
— É importante que a população acredite e faça denuncias — completou.
Como publicado pelo EXTRA nesta segunda-feira, integrantes de uma organização criminosa da região de Jacarepaguá começaram a bater de porta em porta para cobrar taxas de segurança dos 7 blocos com 270 apartamentos. Além disso, pelo menos seis apartamentos cujos proprietários não estavam em casa foram vendidos no espaço de tempo de cerca de três meses. Os imóveis já estão ocupados por outras famílias.
Rodízio para manter a casa cheia
Um morador denunciou que por causa de sua recusa em ceder à pressão dos milicianos, jovens com pouco mais de 18 anos enviados para a cobrança, ele passou a fazer um rodízio com as pessoas que moram com ele para que o imóvel não fique vazio. O homem conta que um senhor de idade em cuja porta eles bateram recentemente quase infartou. Segundo ele, vizinhos foram, há cerca de duas semanas, na 28ª DP fazer uma denúncia.
— Mas o policial disse que não dava para abrir uma ocorrência por que quem tem que fazer isso é o próprio morador lesado.
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Procurado antes da operação, o delegado titular da 28ª DP, Antônio Ricardo Nunes, disse que o policial agiu de forma errada e pediu aos moradores para retornarem à delegacia nesta segunda-feira.
— Esse policial não agiu corretamente. Se for identificado será punido. peço aos moradores que retornem à delegacia para conversar comigo pessoalmente — pediu Antônio Ricardo.