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O PSL de Jair Bolsonaro está dividido no Rio. A determinação do presidente estadual do partido, o senador Flávio Bolsonaro, para que deputados entreguem cargos em secretarias e órgãos e façam oposição ao governador Wilson Witzel tem sido contestada internamente. No cabo de guerra que se formou, de um lado estão os entusiastas da ordem de Flávio; do outro, os que tentam evitar a ruptura. O partido tem a maior bancada da Assembleia Legislativa, com 12 parlamentares.
Vice-líder do PSL na Câmara, o deputado federal Daniel Silveira criticou abertamente a determinação de Flávio para o partido desembarcar do governo Witzel:
— O presidente Jair Bolsonaro disse que não determinou nada. Flávio mantém. Eu sou 100% Jair. O que ele disser, seguiremos. Acho que essa decisão específica do Flávio não foi acertada. Flávio está em um momento infeliz de pressão midiática. Acredito que agora é hora de resolver pautas — disse Silveira, que enviou mensagem ao grupo de deputados estaduais do PSL com uma recomendação: “Não rompam nada”.
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Mas a disposição do senador continua. Nesta quarta-feira, Flávio, que está em viagem oficial à China, divulgou uma nota informando que quem permanecer alinhado com o governo estadual deverá deixar o partido. Ele pretende recorrer à Justiça para tentar cassar o mandato dos desobedientes. “Nossa oposição não será ao Estado do Rio, mas ao projeto político escolhido pelo governador Wilson Witzel”, diz parte da nota.
Ocorre que mais da metade dos deputados do PSL atua nos bastidores para evitar a ruptura com Witzel. Tanto que até agora nenhum dos dois secretários filiados ao partido deixou os cargos. Apesar da ordem de Flávio, deputados ainda não retiraram seus indicados para cargos na segurança pública e em órgãos como Detran e Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Apenas o deputado Alexandre Knoploch deixou a vice-liderança do governo na Alerj.
‘Não rompam nada’
Nesta quarta, um emissário de Bolsonaro procurou Witzel e reafirmou que a ordem de ruptura não partiu dele. Na segunda-feira, o presidente já havia usado uma rede social para contestar reportagem do GLOBO e dizer que não participou da decisão de rompimento. Aliados da família, porém, afirmam que Flávio baixou a determinação após uma ordem do pai, que se irritou com recentes declarações de Witzel, a quem vê como potencial adversário na eleição presidencial de 2022.