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O deputado federal Otoni de Paula(MDB-RJ) desistiu de concorrer a prefeitura do Rio de Janeiro e irá apoiar a campanha de reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD). O parlamentar, que é pastor da Assembleia de Deus de Madureira, irá coordenar a campanha do prefeito entre evangélicos.
Articuladores de Otoni de Paula ouvidos pelo GLOBO apontam que sua desistência ocorre após o MDB ter rifado internamente sua pré-candidatura sem envolvê-lo na mesa de negociação, o que teria feito com que ele se sentisse desrespeitado.
Nos bastidores, a ala mais próxima ao secretário estadual de Transportes, Washington Reis, tem pressionado para que o partido apoie o nome do PL, o deputado federal Alexandre Ramagem. Ao GLOBO, no início deste mês, Reis afirmou que a sigla pleiteava compor a chapa do bolsonarista:
O PL está com uma conversa de dar a vice para o MDB e nossa indicada é a ex-deputada Rosane Felix — afirma o aliado do governador Cláudio Castro (PL).
A favor de Paes, teria favorecido a postura do prefeito após a morte do parlamentar, o deputado estadual Otoni de Paula Pai, no mês passado. Ao contrário de Ramagem e outros aliados, o gestor carioca esteve no velório e enterro do familiar.
Fontes ligadas ao deputado afirmam que Otoni teria feito algumas exigências ao prefeito. Entre elas, não se opor publicamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é seu aliado de primeira hora.
MDB dividido
Apesar do apoio de Otoni de Paula a Paes, o rumo do MDB ainda é dado como incerto, uma vez que embarcar na pré-candidatura de Ramagem também não é consenso. De uma ala rival a Reis, o secretário nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, Leonardo Picciani, se diz contra um apoio a Ramagem e chama o pré-candidato do PL de “despreparado”.
Sou absolutamente contrário ao que Ramagem representa. Desconheço qualquer ação dele que tenha beneficiado a população a não ser informante do Bolsonaro. É desqualificado — diz Picianni.
Além de não agradar todo o partido, pesa contra Ramagem um vídeo que vem circulando nas redes sociais sobre a trajetória do deputado. O material o apresenta como delegado da Lava-Jato no Rio e cita emedebistas condenados pela operação.
“Delegado da Polícia Federal que comandou a Cadeia Velha, desdobramento da Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro”, diz a narração enquanto exibe notícia da prisão do ex-presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, que morreu em 2021.
Em outro trecho, a imagem de Felipe Picciani também aparece junto aos dizeres “empresário preso por lavagem de dinheiro e pertinência à organização criminosa”.