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O recuo de Jair Bolsonaro, que na sexta-feira se retratou pelos excessos nas manifestações antidemocráticas desta semana e prometeu respeito pela democracia, aliviou o clima de pré-golpe que se vivia no Brasil mas provocou uma insurreição na sua base de apoio. Radicais bolsonaristas, até agora sempre fiéis, dizem-se enganados e acusam o presidente de traição.
No Parlamento, o deputado Otoni de Paula, que enfrenta processos na Justiça pelo seu apoio ao presidente, disparou que “leão que não ruge vira gatinho” e que Bolsonaro ficou “muito pequeno”. Já Carla Zambelli, outra deputada a braços com a Justiça pelo apoio a Bolsonaro, afirmou que tenta continuar a confiar nele mas que se sente “muito dececionada”.
Também Sara Winter, ativista radical que chegou a ser presa por desferir ataques contra juízes, expressou nas redes sociais a sua “profunda tristeza” e desejou que, um dia, Bolsonaro “volte a ouvir o povo”, enquanto o pastor evangélico Jackson Vilar, que em agosto organizou uma grande manifestação de apoio a Bolsonaro, diz agora ser ex-Bolsonarista, chama o seu antigo ídolo de “calça frouxa de Brasília” e diz que “traiu o povo brasileiro e não merece o respeito de ninguém”.
Recorde-se que, na ‘Declaração à Nação’ com que tentou atenuar a vaga de repúdio após ameaçar intervir no Supremo Tribunal, Bolsonaro afirmou que as suas palavras foram apenas “fruto do calor do momento” e garantiu não pensar nem nunca ter pensado em dar um golpe de Estado.
fonte: Correio do amanhã