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Maioria das áreas dominadas pela milícia no Rio já tem pontos de venda de drogas

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Morador de Rio das Pedras há mais de cinco décadas, X. viu a milícia nascer na comunidade de Jacarepaguá, em meados dos anos 1990, com um discurso radical contra as drogas. Era o primeiro exemplo do poder paramilitar na cidade. Ele acompanhou o crescimento das construções ilegais mediante pagamento de taxas, sob a vista grossa do poder público. Conviveu ainda com as disputas pelo controle local e por cargos na política, acompanhadas de assassinatos. Agora, se vê diante de um fato novo, na contramão de tudo que sempre acompanhou de perto: um acordo permitiu que o tráfico se instale num trecho às margens da Lagoa da Tijuca, conhecido como Areal. Relatos sobre o ponto de venda de drogas já chegaram ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual.

O subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil, delegado Rodrigo Oliveira, afirma que a maioria das milícias tem hoje algum tipo de associação com o tráfico. Para especialistas em segurança, a união dos dois lados já contaminou todas as áreas dominadas por paramilitares, que ocupam 25% do território da cidade do Rio, segundo uma recente pesquisa do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, do Disque-Denúncia (2253-1177) e das plataformas Fogo Cruzado e Pista News.

A parceria criminosa, que vem sendo chamada de narcomilícia, se dá de diferentes formas. Em alguns casos, o próprio paramilitar vende a droga. Em Rio das Pedras, berço da milícia, uma determinada área foi arrendada para traficantes. Essa aliança sequer chegou ao radar da Polícia Civil, que fez um relatório com dados até 2018, apontando a atuação da narcomilícia em 355 favelas, sub-bairros ou bairros do estado, onde moram cerca de três milhões de pessoas. Em 2008, quando não se falava nesse tipo união, a CPI das Milícias da Assembleia Legislativa do Rio levantou que paramilitares atuavam em 160 localidades.

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