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NOVA YORK – Apesar das reações negativas ao discurso de 31 minutos do presidente Jair Bolsonaro na abertura dos debates da Assembleia Geral das Nações Unidas, a avaliação interna do governo brasileiro é que o pronunciamento cumpriu a missão de mostrar, sem rodeios, a nova face do Brasil ao mundo.
Mesmo sob críticas , o presidente celebrou com o filho e deputado federal, Eduardo Bolsonaro, e alguns auxiliares mais próximos o seu desempenho — considerado por eles o melhor, em âmbito internacional, até agora.
— Eu estou surpreso que as pessoas estejam surpresas. O presidente foi fiel às suas convicções . A avaliação é ótima — disse o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.
Leia a íntegra do discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU
Para assessores do presidente, é injusta a avaliação que a fala tenha sido “dura”. Na concepção de dois deles, o que se viu na ONU foi uma versão “moderada” de Bolsonaro. Um outro acrescentou que quem o conhece sabe que o tom poderia vir acima do que foi.
Em conversa reservada, um deles citou o número de vezes que Bolsonaro usou a expressão “direitos humanos” — cinco vezes no total — como exemplo de um texto comedido e que reafirmou “o compromisso com a democracia”.
Em uma das menções, no entanto, Bolsonaro criticou “entidades de direitos humanos no Brasil e a ONU” por terem respaldado o programa Mais Médicos, fechado “entre o governo petista e a ditadura cubana”. Nas palavras de Bolsonaro, “um verdadeiro trabalho escravo” — o que levou a delegação cubana a deixar o recinto.
Ainda em Nova York para compromissos diplomáticos, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que o pronunciamento tem sido alvo de comentários de seus pares. Ele classificou o discurso de Bolsonaro como “marcante” e defendeu que a fala “abriu para o debate” temas consolidados.
— Muitos comentários. Foi um discurso marcante. Vários interlocutores disseram que prestaram muita atenção no discurso do presidente. Acho que ele realmente abriu uma janela para ideias e preconceitos que não estavam muito presentes no debate. Eu acho que as pessoas estão começando a repensar certas coisas. Não necessariamente concordam com tudo, mas pelo menos repensar coisas que estavam cristalizadas. O presidente abriu para o debate — disse o chanceler.