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O presidente Jair Bolsonaro disse, na tarde desta terça-feira, que o governo negocia retirar agentes de forças de segurança do texto principal dareforma da Previdência . As regras seriam editadas em um projeto de lei complementar, após a promulgação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Desde a semana passada, o presidente tem atuado para que policiais tenham normas mais brandas para a aposentadoria.
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– O que eu tenho falado é a questão do privilégio. Todo mundo está colaborando de uma forma ou de outra com essa questão da Previdência, agora privilégio essa classe nunca teve. Então, acho que o ajuste passa por ai. Pelo que tudo indica, que chegou ao meu conhecimento é que essas classes – da segurança publica – deverão sair da PEC e deverão compor uma lei complementar tão logo seja promulgada essa PEC – disse.
Com o movimento de Bolsonaro, líderes partidários voltaram a pressionar por mais alteraçõe s na proposta, incluindo a inclusão de servidores de estado e municípios.
A declaração foi dada após o presidente participar do lançamento doPrograma Nacional do Voluntariado , o “Pátria Voluntária”, que terá a primeira-dama Michelle Bolsonaro como presidente do conselho. A solenidade teve a participação dos ministros Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, ambos responsáveis pela articulação com o Congresso, além de Paulo Guedes, da Economia. O evento durou uma hora.
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Durante declaração à imprensa, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, foi questionado sete vezes sobre a fala do presidente acerca da negociação para a retirada dos agentes de segurança do texto. Ele, no entanto, não respondeu quais categorias Bolsonaro se referiu. Ao ser perguntado se a declaração do presidente também incluía policiais militares e civis, o porta-voz negou.
– O presidente não trata de policiais militares, tampouco dos policiais civis – respondeu o porta-voz, explicando que essas duas categorias são subordinadas aos governos estaduais.
Rêgo Barros citou que a preocupação do presidente com os agentes de força de segurança se deve a uma “ligação afetiva” e porque ele reconhece a instabilidade das categorias. Apesar disso, voltou a repetir que Bolsonaro defende que todos têm que dar sua “cota de sacrifício” para a reforma.
– Ele tem preocupação não de agora de atender aquelas categorias da área de segurança que ele tem uma ligação mais afetiva e mais que isso, que conhece com profundidade as vicissitudes dessa categoria. O presidente entende ser muito importante que a nova Previdência seja aprovada para o país. Todos têm que colaborar, inclusive sofrendo na própria carne – disse Rêgo Barros.
A expectativa é que a votação em primeiro turno da reforma da Previdência seja concluída até quarta-feira . O governo precisa de 308 votos para aprovar as novas regras para aposentadoria.
O presidente voltou a falar que é possível reparar “injustiças” no texto da Previdência no plenário.
– Nunca é tarde para desfazer possíveis injustiças, né? Uma ou outra categoria se sente prejudicada – disse o presidente, que foi chamado de “traidor” por policiais – É justo o reclame deles. E o que mais se fala é em possíveis transições – afirmou.
Na última sexta-feira, o presidente disse que “com a sensibilidade que existe no Parlamento isso aí vai ser corrigido.” Naquela madrugada, após 17 horas de votação, a comissão especial concluiu a análise da reforma da Previdência. Dos 17 destaques, 13 foram derrubados, dois retirados e dois aprovados. Apesar de Bolsonaro ter saído em defesa de regras mais brandas para a aposentadoria de policiais federais e rodoviários, elas foram rejeitadas pela comissão.
Confiança em Maia
Bolsonaro reforçou novamente que confia no presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e na aprovação do texto em primeiro e segundo turno até sábado.
– Eu sei que o Rodrigo Maia quer o melhor para o Brasil, por isso está empenhado na aprovação dessa nova Previdência. Acreditamos que ela seja aprovada até sábado.
Questionado sobre a liberação de emendas às vésperas da votação, Bolsonaro disse considerar a situação “normal” e legal.
– Tenho 28 anos de Parlamento, tudo o que é liberado está no orçamento. Então, eu gostaria de liberar tudo o que está no orçamento. E quando acontece uma situação com essa é normal, no meu entender. Nada foi inventado, não tem mala, não tem conversa escondidinha em lugar nenhum, é tudo à luz da legislação. É isso que deve estar acontecendo – declarou, sendo indagado em seguida se o procedimento não seria parte da “velha política”, que ele costumava criticar.
– Velha política é dar aquilo que vocês sabem que se dava no passado. Não quero falar em velha política, temos uma política no momento, que o Parlamento entende também como sendo a mais justa. Estamos no mesmo barco. Nós e o Legislativo queremos o bem do Brasil – afirmou o presidente.